O que as escolas mostraram

A Barão botou a onça para rugir

A grandiosidade das alegorias e a riqueza das fantasias foram os destaques da Barão. Para mostrar o enredo que contava a história da Escola de Samba Cova da Onça, de Uruguaiana, a agremiação levou para a Liberdade carros alegóricos com mais de quatro metros de altura e seis de extensão, entre eles, uma impressionante onça de pano, que rugia e se movimentava. Artistas que trabalham no Festival Folclórico de Parintins, no Pará, foram contratados para orientar a confecção dos carros. Além disso, a Barão passou pela avenida com cerca de 600 integrantes, sendo duas ou três vezes maior que as concorrentes. Para completar, o samba estava na ponta da língua dos passistas, divididos em três setores e 12 alas.

_ Acho que existe um saber fazer Carnaval na Barão. Tem gente estudando história, tem gente estudando arte para fazer o desfile. A gente vê esse empenho na avenida _ opina a cantora Gisele Guimarães, integrante da harmonia da escola.

A Barão investiu em uma pesquisa sobre sua homenageada, a escola de samba Cova da Onça, fundada na Fronteira por militares da Marinha vindos do Rio de Janeiro. As ligações desses fundadores com a musicalidade e a religiosidade afro foram pontuados em cada uma das alas _ muitas delas, apresentando coreografias de passo marcado, o que demonstra maturidade dos coordenadores de ala da escola, já que erros nesse fator podem resultar como desastrosos para o quesito evolução.

_ A escola passou maravilhosa, sem erros do início ao fim _ comemorou a rainha da bateria, Karen Tolentino Pires, 28 anos.

Sessão de cinema na Avenida

A ventania ajudou a Trevo de Ouro a sacudir a Avenida Liberdade naquele que seria o único desfile de escola de samba da noite de sexta-feira. Com o enredo O Samba Invade a Sétima Arte, a agremiação fez uma divertida homenagem ao cinema, relembrando clássicos do cinema nacional e mundial.

_ Olha lá o Harry Potter e o Dumbledore! _ exclamou Marise Silveira Flores, 22 anos, ao avistar a comissão de frente da escola, ainda na concentração.

A apresentação da Trevo consistia em um diretor de cinema dirigindo uma sequência dos filmes do jovem bruxo, com direito a pequenas cenas de ilusionismo, muito aplaudidos pela galera da arquibancada. Seguiriam-se a eles alas feitas de Carlitos, cangaceiros, policiais do Bope, em referência ao filme Tropa de Elite, e um carro alegórico que lembrava da emblemática cena das bicicletas voadoras do filme ET _ O Extraterrestre. A ala das baianas era formada por um grupo de senhoras vestidas de Scarlett O'Hara, a protagonista do clássico ...E o Vento Levou.

_ Nunca assisti a esse filme, acredita? Agora estou louca para ver _  comentou Siloé da Silva, 61 anos, porta-estandarte da ala.

Por volta da 0h10min, quando a escola contava com 20 minutos de exibição, veio a falta de luz. Nem por isso a Trevo parou. Cantando o samba a plenos pulmões, a escola seguiu embalada e iluminada pela bateria, cujos integrantes carregavam adereços luminosos na cabeça.

Ao fim do desfile, os componentes, muito aplaudidos, tinham a sensação de final feliz.
_ Ensaiamos sempre prevendo situações inesperadas, só não ensaiamos no escuro. Mas foi lindo! _ comentou Guilherme Marques, que interpretou Harry Potter na comissão de frente.

Faltou gente, sobrou garra

As Influências da Astrologia foram o tema do desfile da Mocidade Independente das Dores, que viveu horas de provação antes de passar pela Liberdade. A escola, que deveria se apresentar na sexta, sofreu desfalques causados pelo adiamento do desfile.
Segundo a diretoria, quase metade dos integrantes eram de outras cidades e não puderam ficar para desfilar no sábado, e um dos carros alegóricos estragou com a chuva da madrugada.Ainda assim, a comunidade decidiu desfilar. E com a cabeça erguida, apesar de quesitos estarem"